Expansão cirurgicamente assistida da maxila
A deficiência transversal da maxila tem
etiologia multifatorial e, apesar da obstrução das vias aéreas superiores e hábitos parafuncionais como sucção digital e de chupeta serem considerados os fatores mais comuns, não menos importantes são o pressionamento lingual atípico, as perdas dentárias precoces e as assimetrias esqueléticas. Essa condição oclusal raramente tem resolução espontânea e necessita de diagnóstico preciso
com relação aos componentes esqueléticos e dentários envolvidos.
A mordida cruzada posterior dentária, que resulta da inclinação dos dentes posteriores e remodelação óssea alveolar, não indica
atresia maxilar, ao contrário da mordida cruzada posterior esquelética, em que
a deficiência transversal da
maxila é uma característica importante, com perda da conformação parabólica do arco superior.
Essa deficiência transversal da
maxila esquelética caracteriza-se, principalmente, por uma abóbada palatina ("céu da boca")
em formato ogival
, mordida cruzada posterior uni ou bilateral, dentes posteriores verticalizados, perda da conformação elíptica do arco superior, apinhamentos e rotações dentárias. Além dessas características intrabucais, podem-se
destacar
características faciais como a ausência da projeção zi
gomática, que pode também estar associada a uma protrusão mandibular, deixando-a mais acentuada.
A
expansão rápida não-cirúrgica da maxila, pode obter
resultados favoráveis na correção da deficiência transversal em crianças e
pacientes que se encontram em fase de crescimento porque d
urante essa fase, a sutura palatina mediana apresenta-se com poucas interdigitações e a resistência esque
lética à movimentação óssea é menor.
Entretanto,
apesar de tratar-se de técnica
adequada para ser usada
em crianças e adolescentes, a técnica de expansão rápida não-cirúrgica apresenta falhas em pacientes adultos, pois, com a maturação esquelética, a resposta às forças de expansão apresentam-se diminuídas.
Historicamente, a sutura palatina mediana foi considerada como sendo a área de maior resistência à expansão, mas a pesquisas científicas
demonstraram que as áreas de maior
resistência são as suturas zigomatotemporais, zigomatofrontais e zigomatomaxilares. Adiciona-se
a isso a menor
flexibilidade
óssea, que torna mais rígidos os pilares de dissipação das forças na maxila. Em pacientes adultos
, quando se obtém alguma resposta, a expansão rápida sem cirurgia apresenta resultados instáveis, além de problemas como dor intensa após a ativação, risco de necrose da mucosa palatina, extrusão dos dentes superiores, retrono
da correção transversal e recessões gengivais.
Várias osteotomias maxilares foram desenvolvidas para expandir a maxila lateralmente, em conjunto com procedimentos ortodônticos de expansão rápida. Os princípios são os mesmos de outro procedimento, também bastante conhecido na literatura chamado distração osteogênica.
A
expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente é um procedimento eficaz, mas restringe-se a pacientes que apresentam somente problemas transversais maxilares. Nos casos de deficiências em outros planos, a expansão cirurgicamente assistida pode ser realizada como um primeiro tempo cirúrgico, não dispensando a correção, posteriormente, com
cirurgia ortognática.
A expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente é um procedimento eficaz e seguro para a correção da deficiência transversal em pacientes adultos. Entre suas vantagens, podemos citar a rapidez para obter a expansão e
a segurança para correções de até 14mm.
Um diagnóstico correto das deficiências transversais da maxila e um plano de tratamento realizado em conjunto pelo ortodontista e pelo cirurgião buco-maxilo-facial possibilitam o sucesso da correção dessas deficiências e a satisfação dos pacientes.
obs: este texto é de propriedade exclusiva da Clínica de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, e sua reprodução parcial ou integral é proibida, sem o consentimento expresso da clínica.